sexta-feira, 16 de julho de 2010

parte IV

Carlina pegou uns badulaques que estavam nas gavetas, assim como uns panos da Índia, que Aurélia deixara pendurados no cabideiro quando foi embora. Fiquei por uns instantes ali olhando sua felicidade de diante do espelho. Um tanto desajeitada ela tentava achar uma composição. Eu não percebi que estava ainda só de toalha quando o sorriso maldoso de Carlina me despiu. Neste momento, se ainda havia em mim alguma intensão de dá-la ao abrigo, esta se dissipou completamente. Hesitei num pensamento que insistia em querer saber mais; havia uma convicção em mim de que se eu tentasse alguma conversa com ela tudo isso se desmoronaria e seria como se eu tivesse acordado de um sonho. Mas, o que fazer? Esperar simplesmente o desenrolar dos fatos? Sempre fui um homem de atitude. Mesmo quando isto não redundava em vitória preferia sempre arriscar do que esperar as coisas acontecerem. Mas, nunca me achei diante de situação tão inusitada, e o ar fantástico que aquilo tudo suscitava não diminuía em nada a expectativa que crescia em mim; como geralmente ocorre quando saio com alguma garota que ainda não tenho muita intimidade. No dia seguinte, logo pela manhã, tive a impressão de que tudo não passava de um sonho, mas, quando cheguei à cozinha encontrei café pronto, pão comprado, leite e um pedaço de queijo branco sobre a mesa. Sentada, com um espelhinho apoiado nos joelhos, Carlina estava rotocando a maquilagem. Já havia mudado a sombra verde para uma cor rosada, baton suavemente lilás. Nas bochechas passara um pouco do mesmo baton e espalhou com o dedo. Delineou de preto os olhos e soltou os cabelos ruivos. Vestia numa camisolinha de cetim azul claro. Quando me aproximei...

3 comentários:

  1. Carlina - boneca - menina

    sua inocência encanta e seduz

    ao mostrar-se assim, tão feminina.

    =)

    ResponderExcluir
  2. Azul claro é?? hum hum

    Estou amando... Acho que chegou a hora de postar a segunda parte da carta que você não leu.

    ResponderExcluir