terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um amor

Quase um ano. Vejo que apesar de tantas mudanças, estive querendo as mesmas coisas. Mas não vou falar disso. Quero falar da nossa história. Uma história de amor. Um amor platônico. E será sempre platônico, mesmo que venhamos a transar várias vezes por dia. Porque o platonismo do nosso amor não está na não realização carnal do que vivemos nos olhares que cruzamos. Trocamos desejos toda vez que nos encontramos e não queremos nos largar. Ficamos no encantamento por estarmos juntos e inventamos coisas pra fazer. Evitamos. Mas nossa evitação é produtiva. Nos desejamos. Seríamos capaz de ficar a noite inteira falando um com o outro. Facaríamos nos olhando até que o dia viesse com sua luz. E qual o sentido disso? Cada qual tem seus compromissos. Ninguém quer desfazer laços fundamentais pra tentar novos encontros. No entanto, não conseguimos ficar muito tempo longe um do outro. Logo daremos um jeito de estar juntos. E será pra sempre, como sempre é. Até que chegue a hora de irmos para casa. Cada um na sua casa, para depois querermos nos ver novamente. Assim tem sido desde o dia em que nos encontramos. Você me resgatando de um emburacamento. Eu, retribuindo o seu carinho. A cumplicidade foi se estabelecendo até virar um amor.

sexta-feira, 16 de março de 2012

MAMATUS

Um belo dia você acorda e se dá conta que 53 anos se passaram. Você pensa, pensa, reflete; cinquenta e três anos. Você olha ao redor e diz: o que deu errado? É muito tempo para que alguém cheio de vida não esteja bem! O que houve? Então você larga tudo - quer dizer, não exatamente assim, como alguém que vai pro Tibet - você larga tudo que estava imediatamente preste a fazer: aquele concurso público, aquela visita ao amigo que há anos você não vê, aquela ida ao shopping para nada ou para comprar algo que você acha que precisa; aquele programa quase bom que você descobriu na TV por assinatura, larga daquele encontro que você marcou porque não aguentava mais tanto tempo sozinho, aquele visgo cotidiano de ficar tentando limpar e arrumar a casa, ou o pensamento diante ds conversas dos familiares que estão sempre lhe demandando, larga a mão da rotina equilibrada no enfado que já quase não percebe; larga do sonho de ser grande, artista, escritor, fotógrafo, poeta, ou mesmo um profissional bem sucedido na empresa em que trabalha, ou como autônomo, larga das bebidas alegres descontraídas que você entorna goela abaixo, larga da caneta, dos teclados, das teclas, das tec, das te, das, da, s...do que é composto o desejo? O meu desejo? Os meus desejos? Os desejos de todos? Fragmentos de imagens que se imprimem na tela do eu, constrangindo-me a escolher coisas que me farão fixar numa posição qualquer, de qualquer zemané, que me fará dizer: este sou eu? O meu perfil no facebook nunca diz quem eu sou. Nem quem é você. Quem pergunta? Quem é Fernando Pessoa? Eu escolhi não escolher mas, acabei escolhendo isso que vou dizer. Isto que digo na minha boca de pensar. Este balbucio...no cio...no que enuncio. Alguém pague as minhas contas! Alguém me faça contas! Faz de conta que eu sou este aqui, agora, que vous fala. Você, então, pague! A dívida, o preço, a culpa, a vergonha, o trabalho que eu fiz pra você. Não entende? Não entende as núvens? São ventos! Eventos magníficos de formas e cores. Mamatus! Algumas ganham nomes e amores. Não dá pra largar certos vícios, rimas... Perde-se o momento da melhor fotografia. Quantas fotos não tiradas. O que você produz com aquele enigma?

sábado, 29 de outubro de 2011

retorno

alguma palavra
qualquer
pra inscrever
algum desejo
qualquer
palavra alma
que
chame
fogo

sexta-feira, 11 de março de 2011

Amantes

Eles se conheceram numa festa. Olhares cruzados, foi o bastante pra despertar Eros, que já estava um tanto sonado na fantasia dos dois. Levavam a vida normalmente: algum vinho, brejas, sorrisos, trabalho, casa, cansaço, sono. Alguma insônia era motivo pra internet, ou um bom livro.

Sabemos bem quando nosso corpo entende que houve um encontro de almas. É fácil. A conversa rola. Os sorrisos viram risos que viram gargalhadas. O olhar dá umas paradas no olhar do outro pedindo intimidade. As portas se abrem; talvez algum charme dela pra não parecer muito fácil. Mas os toques já experimentam e aprendem a textura, o calor, o cheiro da pele. Um afago nos cabelos, ou um beijo no cangote. Um carinho seguido do beijo na boca, sem resistência dela.

Depois de aprenderem o amor que fazem, um tempo para se conhecerem melhor nos corpos nus. Muito a vontade, se olham, conversam, brincam. Comem e bebem para repor a energia. Degustam com prazer o sabor da comida e do vinho.

Era sempre bom estar com ela; o mesmo sentia ele. Mas não falavam em namorar. Não falavam em fidelidade. Não marcavam antecipadamente o encontro. Um ligava, o outro aceitava quase sempre. Algum impedimento era entendido sem muitas explicações. Ninguém ficava em grande fissura se não se encontravam. Mas não levava muito tempo os dois saiam e se amavam. Saiam também com outras pessoas, mas não relatavam isso um para o outro. Um dia ela se apaixonou. Ele percebeu. Os encontros começaram a se tonar esparsos. Sem grandes explicações ela perguntou se ele faria um filho nela, logo após terem transado intensamente. Ele disse que sim. Ela falou sério, mas não sabia que após dois meses eles estariam separados. Ele engravidaria Lucia, com quem vai ter um filho, e talvez se case, ou more com ela por causa disso.

Eles hoje se perguntam. Por que foi assim? Não houve qualquer briga. Eram amantes. Perderam-se um do outro. Ela vai se curar da paixão. Ele tem saudades dela, mas continua saindo com outras mulheres. Ontem ele ligou pra ela e a convidou pra sair. Ela ficou balançada. Negou. Abriu um vinho. Bebeu sozinha toda a garrafa. Chorou. Dormiu. Ela vai se curar da paixão. Ele, não.

Enfim...começa o ano de 2011

Estive afastado por um tempo sim, mas não parei de escrever. Quase tudo está no http://recantodasletras.uol.com.br/  com o nome "artístico" de barroso de matos. Será um prazer receber os amigos naquele espaço! Obrigado.

Mas não vou abandonar o blog. Vou trabalhar um escrito que está em gestação aqui no inconsciente, alma, coração, espírito, mente, ou seja lá o que Isso seja...  Um grande abraço...até breve!! Nelson

sábado, 18 de dezembro de 2010

conversinha...

já desmedi tanto as palavras
já desli
já as abandonei num canto
elas voltam
com seus dons
com seu dizer amoroso
insetos teimosos
mato algumas
mil aparecem
fico olhando o festim
a conversinha delas...

sábado, 11 de dezembro de 2010

máquina de escrever amor

se eu amo
que seja
como seus tipos
coligrar fiar
palavras
no branco do papel

sem tirar nem pôr

máquina de amar
fazer amor
seja com quem for

tipos
máquina de escrever amor
toques
fazer amor

inventariar tipos
caligrafar
maquinar amores

quantos
tipos

fazer

amor